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O futuro da saúde é o Open Health?

  • Foto do escritor: Lucas Saliba
    Lucas Saliba
  • 25 de set. de 2023
  • 4 min de leitura

CIO do Grupo Fleury vê o tema como essencial para redução de custos e prevenção de doenças.


O quão perto o setor de saúde está de implementar um modelo de compartilhamento de dados entre diferentes organizações, de maneira similar ao Open Finance em curso no setor financeiro?

Visto por muitos como uma solução para reduzir a explosão de custos na área de saúde, o chamado Open Health ainda enfrenta uma dose de ceticismo em um setor altamente competitivo e regulado.

O tema surgiu durante o IT Forum Salvador, evento que reuniu cerca de 180 CIOs na capital baiana na última semana.

Para João Alvarenga, CIO do Grupo Fleury, a interoperabilidade de dados é a grande questão que precisa vingar na área da saúde. O executivo vê o tema como essencial para melhoria de custos e para o tratamento e a prevenção de doenças. “O dado é do cliente. Com o prontuário eletrônico unificado, você vai ter a sua vida ali, para disponibilizar para quem você quiser. Assim, conseguirá personalizar o tratamento e o seu médico vai ter muito mais informação para uma tomada de decisão eficaz”, afirma Alvarenga.

Quando um cliente do Grupo faz um exame X, a empresa consegue olhar na sua base de dados todos os exames correlatos a ele. Ao invés de entregar somente o laudo X, são entregues também os resultados Y, B e de imagem que têm a ver com aquela solicitação. “Nós fazemos mais de 25 milhões de exames por mês, totalizando 300 milhões por ano, somente em análises clínicas. Imagina a riqueza dessa base de dados. E imagina se a gente olhasse numa base de dados compartilhada do Brasil inteiro”, reflete Alvarenga. Segundo o executivo, o custo da saúde no Brasil e no mundo só aumenta ano após ano. O compartilhamento de dados seria a “grande salvação” para esse problema. Para o CIO, a iniciativa do sistema Open Health precisa ser governamental, de cima para baixo, passando pela parceria público-privada.

“Não é só o SUS. O sistema público é um elemento essencial para isso, mas também todo esse capital intelectual que as empresas de saúde têm, estão à frente neste sentido. Eu acho que vai chegar de qualquer maneira porque a área de saúde está sofrendo. Já estamos vendo iniciativas claras do SUS de buscar isso a curto prazo”, afirma Alvarenga. Para o CIO, a implantação é complexa, mas tecnologia não é mais problema para isso, basta a vontade de fazer. Na época da pandemia, os hospitais faziam exames e os mandavam para a base de dados do SUS, para visualização do avanço da Covid nos municípios.


“Nesses momentos, ocorre esse tipo de parceria. A pergunta é: por que somente nesses momentos? Se todas essas instituições de saúde possuem os registros que o paciente deixa e ficam isolados em ilhas. Você tem uma passagem no hospital A, no hospital B, no laboratório A, no laboratório C e seu dado fica sem nexo, sem conexão”, questiona Alvarenga.

Sobre a segurança dos dados nesse cenário, o CIO acredita que a legislação tem que chegar a um meio termo para o compartilhamento com segurança e não focar somente na punição.

“Os dados da saúde são muito sensíveis, então a LGPD impactou diretamente a área e a Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD) chegou forte em relação a isso. Temos que ter um meio termo e uma definição clara do que são dados pessoais e o que são dados populacionais. Precisamos destes dados para o bem da própria saúde do brasileiro. O dado é o coração para termos predição, tratamento precoce e personalizado", opina. Para Alvarenga, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) é um excelente exemplo, pois os bancos se uniram em prol desse tipo de gestão.

“A Febraban tem um laboratório de cibersegurança que trabalha 24/7 avisando todos os bancos de todos os problemas. Os bancos estão unidos e, quando existe qualquer tipo de problema, há uma união entre eles. Se a gente não tiver isso na área de saúde, vai ser sempre perde-perde. Tem que ter uma união de classe em relação a dados”, destaca o CIO. Essa união parece estar distante, pelo menos quando se fala em hospitais. Segundo uma outra fonte ouvida pelo Baguete no evento, existe uma discussão na Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) para se criar uma “mini open health” dentro do setor. Somente oito dos 400 hospitais associados teriam se prontificado a participar da iniciativa. Dos oito que começaram a discussão, sobraram quatro.

O QUE EXISTE NA PRÁTICA Em 2022, o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) elaboraram um documento com propostas para o modelo Open Health com foco nos planos de saúde, que somam 49 milhões de beneficiários no Brasil. “O projeto visa facilitar o consumo dos dados da ANS publicados no Portal Brasileiro de Dados Abertos por aplicativos e softwares de estatística e, dessa forma, estimular o desenvolvimento de soluções e novas aplicações contribuindo para a melhoria da qualidade dos serviços de saúde prestados à população”, afirma o Ministério, em nota. De acordo com o site dedicado ao movimento, o próximo passo é a realização de fóruns e eventos para discutir os aspectos mais importantes e pontos de melhoria.





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